sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Doce Arte de se fazer Inimigos

Há quem se incomode com gente feliz. Isso mesmo, pessoas que não gostam de indivíduos que verbalizam a alegria que jorra de seus espíritos. Como explicar algo assim?

A alegria, de fato, é uma condição para nós neste planeta. De uma forma ou de outra, fica claro por muitas vezes que temos que batalhar para que ela deixe de ser uma condição febril para se tornar uma realidade - ou ainda para os menos comprometidos, uma condição mais constante.

A grande dificuldade das coisas reside no fato de que terceirizamos a felicidade: serei feliz se tiver aquele carro! Não, serei feliz se tiver aquele carro e aquela(e) mulher/homem! Não, não tem como ser feliz com um carro, uma companhia se não se ganhar muito dinheiro!
E assim, criamos vínculos infinitos com o nada. Coisa mais fácil nessa vida é arranjar dependências para que aí sim, possamos encontrar a felicidade.

A felicidade, então, torna-se adiável. Virá depois do depois de amanhã, depois que você viajar ao lado daquela pessoa, dentro daquele carro, praquele lugar, naquela casa, com um tanto de dinheiro. Até que essa equação vire um anátema e tudo isso não faça o menor sentido.

Pois então, num belo dia, esse ser infeliz encontra à sua frente alguém que não tem muita coisa do que se “vangloriar”. Tem um carro popular, comprado em suaves-longas prestações, vive com contas pra pagar até o dia de receber o salário, se enrola inteiro pra conseguir fazer uma compra em mil vezes – com muitos juros – e viajar então, nem se fala. Quem sabe fora de temporada, mas o ideal é que a convidem, porque aí sobra algum dinheiro. Mas aí então a pessoa é feliz. Sim! Ela sorri, não reclama, ajuda às outras pessoas, não mede esforços e pior, tem certeza que a vida dela é muito boa e que, tirando um ou outro detalhe, não mudaria nada para que ela fosse melhor.

O ser infeliz, ao invés de rever seus conceitos e entender como as coisas da vida podem ser ambiguamente relativas, passa a detestar pessoas felizes. Pessoas felizes são chatas demais! Sorrir é uma chaga, se contentar com o que tem, um pecado. E isso se propaga. Pessoas assim se multiplicam, ao contrário de pessoas bem resolvidas, que parece que temos de menos à nossa volta. E assim criamos o tempo todo “inimigos invisíveis”. Inimigos de nossa realidade cinza e moribunda.

Quanto tempo nós temos para acordar e saber onde estamos? O que realmente é importante para que possamos seguir em frente? Aprender com os erros ainda é o melhor caminho, por mais longo que seja.

Um comentário:

Unknown disse...

gentle art of making enemies
hehehe
abraço